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segunda-feira, 4 de abril de 2016

2. Seja bem vindo, Pedro Ferrari.

O salão estava completamente cheio e as pessoas não paravam de chegar. Todas as garotas estavam deslumbrantes perto de mim, que estava usando apenas um vestido tubinho preto e um salto alto. Alice estava acompanhada de Henry, o que me fez ficar longe dela para não atrapalhar os dois. Guto estava atendendo a todos e Isabelle estava com suas amigas. E eu estava fazendo companhia para mim mesma. Como sempre.
Já se passava das duas horas da manhã e eu ainda não tinha visto Pedro. Então, eu decidi sair do prédio e ir até uma pracinha do outro lado da rua.

Eu estava cansada e decepcionada. Estava com os pensamentos longe, até que ouvi umas risadas atrás de mim. Olhei e vi uns 5 rapazes caindo de tão bêbados e drogados que estavam. Eu tinha tido aulas de defesa pessoal e estava tranquila. Eles não encostariam em mim, não naquele estado. Eles foram se aproximando e eu vi que conhecia um deles. A surpresa foi grande.
-Fernando, o que você está fazendo aqui?? -Meu irmão mais novo. Ele tinha apenas 15 anos e estava naquela situação.
-E quem é você? Tu me conhece de onde?
-Como é que você foi parar aqui e como é que você está nessa situação?
Os amigos dele apenas riam e bebiam mais um pouco. Fernando me encarava sem expressões. 
-Tu vai deixar ele em paz ou tu vai querer que a gente te ensine uma lição? -Um amigo dele disse colocando a mão no bolso da calça.
-Eu vou deixar vocês em paz contanto que meu irmão venha comigo. -Fui aumentando o tom cada vez mais.
Quando vimos estávamos todos discutindo na praça. 5 garotos chapados contra mim não parecia muito justo. Alice, Henry e Guto estavam saindo do prédio e me avistaram logo em seguida, indo até lá. 
-O que é que tá acontecendo? -Disse Guto num tom provocante. -Se vocês não querem incomodação é melhor largarem daqui. 
Fernando continuava sem expressão: -Vamos embora.
-Não!! Você vai ir pra casa comigo. Eu sou tua irmã mais velha e eu exijo que você me obedeça.
-Você perdeu o direito de mandar em mim quando deixou a nossa casa e a nossa família. 
Eu preferia ter levado um tiro a ter que escutar aquelas palavras. Eu simplesmente deixei ele ir embora, enquanto as minhas lágrimas escorriam. 
-Mel, vamos entrar. Você não merece isso. -Alice me acolheu de um modo que me fez agradecer por ser amiga dela.
Era 3h30 da manhã e estávamos nós 4 no apartamento de Guto. Ter visto Fernando me fez pensar em tudo que podia estar acontecendo com minha família  e em como eu me sentia mal por não poder estar com eles. Mas enquanto Ribeiro estivesse vivo, eu abriria mão das minhas vontades para a nossa proteção. Sacrifícios. 
-Melissa, eu e o Henry vamos pra casa você vai junto?
-Não, ela não vai. -Do nada Pedro abre a porta e assusta a todos. -Depois eu levo ela, mas a gente precisa conversar.
-Nossa pelo tom dá pra ver que é importante. Não esquece que ela é polícia. -Pedro sorriu. -Boa noite!
Ficou eu, ele e Guto no mesmo apartamento juntos. Então, Guto se tocou que estava sobrando e deu uma desculpa:
-Bom, vou ir ver se o salão está fechado. Até mais.
-Então o que queria conversar? -Fui bem direta. Eu ainda estava triste com toda essa situação.
-Eu só queria saber por que você está triste.
-E como você sabe se estou?
-Vou te dizer que hoje a tarde eu conheci o sorriso mais bonito desse mundo. Então, eu senti falta dele. -Ele conseguiu me fazer sorrir. 
-Eu não quero falar nada sobre isso. Só preciso descansar. Me leva pra casa por favor?
-Passa a noite aqui. Amanhã é sábado, a gente não trabalha. Alice vai passar a noite com o Henry e pelo menos aqui vou saber que você vai sorrir pelo menos um pouquinho.
-Eu não durmo em casa de estranhos. -Disse brincando, mas com um pouco de verdade.
-Então, se eu te beijar a gente vai continuar sendo estranhos? -ele foi se aproximando da mesa a qual eu estava escorada. Juro que é difícil responder quando há um moreno de olhos verdes te encarando.
-Acho que nós vamos continuar sendo estranhos mas com as bocas conhecidas.
-Então, vamos começar por elas mesmo.
Ele sorriu e me beijou. Foi um beijo que parecia que estávamos esperando a tempo por isso. Foi como saciar a sede no deserto. Ou como ganhar um abraço quentinho no Polo Norte. Foi tudo aquilo que queríamos e um pouco mais.
Eu não podia gostar dele, pois me apegar era perigoso. Eu não podia deixar ele em perigo. Mas, quem sabe ele não poderia me ajudar? Eu queria colocar ele em meus problemas, eu queria ter alguém para desabafar e desabar ás vezes. Eu o queria, apenas pela química que tivemos.
Eu vi o momento certo de colocar alguém no meu pequeno inferno pessoal.
Seja bem vindo, Pedro Ferrari. Agora seremos eu e você, para transformar o inferno no paraíso. 
















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